Crenças sobre Peixes e Frangos e sua Relação com os Comportamentos Positivos dos Animais no Brasil
Contexto
Os animais criados para alimentação geralmente recebem significativamente menos atenção e financiamento do que os animais de estimação (Faunalytics, 2019). No Brasil, como na maioria dos países, animais de pequeno porte como frangos e peixes são abatidos particularmente em números maciços: mais de seis bilhões de frangos e mais de 700.000 toneladas de peixes foram abatidos no Brasil somente em 2018 (Faunalytics, 2020). O governo brasileiro promulgou uma série de proteções progressivas para animais domesticados e selvagens, mas não aprovou legislação que estabeleça proteções específicas para galinhas poedeiras, frangos de corte ou peixes criados para alimentação (World Animal Protection, 2020). Como resultado da falta de regulamentações detalhadas, o Brasil recebe nota “D” para sua proteção dos animais utilizados na criação da Proteção Mundial dos Animais.
Enquanto vários estudos mostram que muitos brasileiros têm preferência por sistemas de produção agrícola que dão maior liberdade aos animais, menos se sabe sobre a relação entre as crenças sobre animais de criação e a vontade de tomar medidas a favor dos animais (Yunes et al, 2017, Vargas-Bello-Perez et al, 2017). Este estudo reproduz nosso estudo das crenças dos EUA sobre peixes e frangos para entender melhor quais crenças o público brasileiro tem sobre animais de pequeno porte, bem como como estas crenças estão relacionadas a comportamentos positivos para os animais. Especificamente, examinamos as relações entre várias crenças e o desejo de reduzir o consumo de frangos ou peixes e de assinar uma petição pedindo melhores condições de vida e de abate. Documentar estas associações é um primeiro passo para compreender as crenças e atitudes que direcionam o comportamento pró-animal no Brasil. As conclusões apresentadas neste relatório também podem ser úteis para os defensores dos animais que procuram atingir um público brasileiro de forma mais eficaz.
Principais Descobertas
- Cerca de 70% das pessoas assinaram uma petição de bem-estar de peixe ou frango. Os defensores podem descobrir que muitas pessoas estão dispostas a fornecer sua assinatura para melhorar as condições sem a necessidade de serem convencidas da importância da iniciativa. As pessoas também estavam ligeiramente mais dispostas a assinar uma petição de bem-estar do que se comprometerem a reduzir seu consumo de peixe ou frango.
- A maioria das pessoas se comprometeu a reduzir seu consumo de peixe ou frango, com mais pessoas assumindo o compromisso de dieta de peixe. Mais de 60% das pessoas se comprometeram a comer menos peixe e pouco mais da metade se comprometeram a comer menos frango. Estas descobertas sugerem que os defensores que buscam mudanças na dieta alimentar podem ter um sucesso considerável, mesmo com mensagens limitadas destacando os benefícios de tal mudança.
- Algumas crenças pró-animal já são comuns, mas há espaço para aumentar a conscientização sobre outros tópicos. Por exemplo, as grandes maiorias reconhecem a importância da qualidade do ar e da água para frangos e peixes. Entretanto, menos da metade das pessoas reconhece que os peixes são capazes de terem emoções positivas, e quase três em cada quatro pessoas acreditam que os frangos agem principalmente por instinto. Crenças mais comuns provavelmente não requerem mais informações e podem ser invocadas sempre que necessário, mas uma defesa adicional focada em crenças menos comuns poderia aumentar a frequência de crenças pró-animal entre o público.
- Várias crenças relacionadas aos peixes foram identificadas como alvos potencialmente eficazes para os defensores que trabalham em promessas de dieta alimentar para reduzir o consumo de peixe. As crenças que tinham as maiores correlações com a assinatura de uma promessa eram que muitas pisciculturas têm condições horríveis, que os peixes podem sentir dor e que os peixes podem sentir emoções negativas como o medo. A crença de que o peixe não tem personalidade foi associada com a menor probabilidade de assumir o compromisso.
- As crenças que tinham as maiores correlações com as assinaturas de petições de bem-estar dos peixes eram que os peixes podem sentir dor, que os peixes precisam de espaço para explorar e se exercitar, e que os peixes podem sentir emoções positivas como o prazer. Os defensores que trabalham em petições pelo bem-estar dos peixes podem querer incorporar estes temas em suas mensagens e apresentações.
- As crenças que tinham a maior correlação com a assinatura de um compromisso para reduzir o consumo de frangos eram que os frangos precisam de espaço para explorar e se exercitar, que a maioria dos frangos são criados de forma desumana, que os frangos podem se relacionar com os humanos e que muitas granjas de frangos têm péssimas condições. Aqueles que tentam fazer com que as pessoas reduzam o consumo de frangos podem se concentrar nestes temas.
- As crenças que tinham as maiores correlações com as assinaturas de petições de bem-estar dos frangos eram que os frangos precisam de espaço para explorar e se exercitar e que a maioria dos frangos são criados de forma desumana. Os defensores que trabalham em campanhas corporativas podem encontrar mensagens em torno dessas crenças, o que leva ao aumento das assinaturas de petições para as causas dos frangos.
Recomendações
- Tente enviar mensagens sobre as principais crenças para ver se você pode melhorar seus esforços de defesa. Com base nestas descobertas, as mensagens relacionadas a emoções, sofrimento e personalidade provavelmente levarão aos melhores resultados, mesmo fora do contexto de promessas de dieta alimentar e petições de bem-estar. Crenças levemente diferentes também foram importantes para cada animal e cada resultado. Portanto, sugerimos focar nas mensagens mais fortes em cada grupo de crenças, experimentando-as e acompanhando sua eficácia para obter os melhores resultados!
- Não tenha medo de perguntar. Estas descobertas sugerem que o público brasileiro já está bastante aberto a aceitar compromissos de redução do consumo e a assinar petições para melhorar o bem-estar animal. Você pode ver uma quantidade significativa de comportamento pró-animal simplesmente perguntando se as pessoas considerariam isso.
- Tente empilhar suas perguntas. As pessoas estavam mais propensas a concordar em assinar uma petição do que em fazer uma promessa de dieta para reduzir seu consumo. Se você tiver interesse em ambos os resultados, tente primeiro pedir a assinatura da petição, e depois, fazer uma promessa de dieta. Isto pode ajudar a aumentar as promessas de dieta devido a algo conhecido como “consistência de comportamento” – as pessoas geralmente querem ser consistentes no que fazem, portanto, seguir uma pergunta bem-sucedida com outra pergunta relacionada pode aumentar a aceitação. Porém, tenha cuidado para evitar sobrecarregar as pessoas com solicitações.
- Explore os resultados de outros países e verifique mais recomendações à medida que nosso programa de pesquisa com foco em frangos e peixes continua. Também examinamos essas crenças em outros países, incluindo os Estados Unidos, Canadá, China e Índia. Também usaremos pesquisas experimentais para fornecer recomendações mais fortes sobre como essas crenças podem ser alavancadas para alterar comportamentos. Embora tenhamos fornecido recomendações preliminares neste relatório, uma comparação experimental das crenças mais comuns e fortemente associadas é necessária para ver quais podem ser usadas com mais eficácia. Esta pesquisa se concentrará nos Estados Unidos, mas pode ter implicações para pesquisas futuras no Brasil. Fique atento a mais informações de nossa linha de pesquisa sobre animais de pequeno porte!
Equipe de Pesquisa
Este projeto é uma colaboração entre pesquisadores do Faunalytics and Mercy For Animals (MFA): Zach Wulderk, Jo Anderson e Tom Beggs do Faunalytics e Courtney Dillard, Walter Sanchez-Suarez e Sebastian Quaade do MFA. Estamos em dívida com Meredith Hui, Rashmit Arora, Diogo Fernandes e Vitor Clemente por sua assistência na tradução linguística e cultural, e com Cristina Mendonça, Meredith Hui e Nikunj Sharma por seus inestimáveis feedbacks.
Gostaríamos de agradecer ao CEA Animal Welfare Fund, à Culture and Animals Foundation e a um doador anônimo por financiar este trabalho, e à Tipping Point Private Foundation por financiar as traduções do relatório.
Visão Geral do Método
Esta pesquisa é uma réplica do relatório Faunalytics 2020 Beliefs About Fish and Chickens & Their Relation to Animal-Positive Behaviors, que se concentrava nas crenças dos adultos americanos sobre estes animais pequeno porte. Para este projeto, exploramos as crenças sustentadas pelos adultos no Brasil. Traduzimos a pesquisa anterior dos Faunalytics para uso com um público brasileiro, e confirmamos com especialistas que as perguntas eram culturalmente relevantes. Seguindo o conselho de consultores culturais, acrescentamos duas perguntas de crenças que não faziam parte da pesquisa dos EUA: “Peixes/frangos são fáceis de criar” e “Peixes/frangos são agressivos”. Estas foram adicionadas para refletir as crenças potenciais decorrentes da experiência mais comum de criação de frangos em casa no Brasil. Examinamos 7 categorias de crenças: sobre emoções, sofrimento, personalidade, inteligência, sociabilidade, consumo do animal, e uma categoria “outros”. Havia várias crenças em cada categoria, o que significa que a lista completa consistia em 35 crenças sobre os peixes e 34 crenças sobre os frangos.
Pesquisamos 1.126 adultos brasileiros e os designamos aleatoriamente para a versão de peixe ou frango da pesquisa. Em seguida, pedimos que avaliassem seu nível de concordância ou desacordo com cada uma das crenças do animal designado. Estas pesquisas foram realizadas em português do Brasil, mas os resultados serão apresentados em inglês para que haja consistência entre os relatórios. O instrumento de pesquisa pode ser encontrado em seu idioma original em Open Science Framework.
Examinamos duas medidas-chave para entender o quanto cada crença estava associada a comportamentos importantes relacionados ao bem-estar de cada animal: a disposição para assumir um compromisso de dieta alimentar e a disposição para assinar uma petição de bem-estar. Para o resultado da promessa de dieta, foi perguntado a cada participante se ele se comprometeria a reduzir o consumo de seu animal designado. Por exemplo, aos participantes atribuídos a condição de peixe foi mostrado um aviso que dizia: “Nos últimos anos, muitas pessoas começaram a reduzir a quantidade de peixe que comem, um padrão que se espera que continue. Você se comprometerá a reduzir seu próprio consumo de peixe”? Aqueles que concordaram foram então convidados a especificar a quantidade a que se limitariam e a fornecer uma assinatura digital para seu compromisso.
Para o resultado da petição, cada participante foi questionado se eles assinariam uma petição para melhorar o bem-estar de seu animal designado. Por exemplo, foi mostrado aos participantes na condição de frango um aviso que dizia: “Gostaríamos de dar a vocês a oportunidade de assinar uma petição que incentivaria reformas legais para melhorar a vida dos frangos de criação. Especificamente, a petição foi elaborada para obter apoio para regulamentações que assegurariam que os frangos criados em granjas teriam melhores condições e de abate. Você estaria disposto a assinar esta petição?”. Os participantes puderam responder com “sim, por favor” ou “não, obrigado”.
No final da pesquisa, foram apresentadas as perguntas de compromisso e petição da dieta alimentar, onde eles viram um rápido aviso: “Ótimo, obrigado! Antes de terminar, temos um par de pedidos rápidos para você. Você não precisa concordar com nenhum dos dois, mas por favor responda a cada pergunta”. Especificamos que o incentivo à participação dos entrevistados não dependia do seu compromisso com a promessa de dieta ou da assinatura da petição de bem-estar. As duas medidas de resultado foram contrabalançadas, o que significa que metade dos participantes viu primeiro a promessa de dieta e a outra metade viu primeiro a petição de bem-estar social.
Ao longo deste relatório, usamos o plural “peixes” ao invés de “peixe” para reconhecer que estamos discutindo uma coleção de indivíduos. São feitas exceções para traduções em inglês das perguntas da pesquisa, que usam o plural “fish” para refletir seu uso pela maioria do público de língua inglesa. O texto apropriado em português do Brasil foi usado para a pesquisa quando ela foi administrada.
Todas as estatísticas descritivas de primeira linha foram calculadas usando dados ponderados para corresponder aos valores populacionais para gênero, idade, raça e região. No entanto, como as diferenças entre os dados ponderados e não ponderados não eram grandes, as estatísticas inferenciais foram calculadas usando dados não ponderados para evitar a introdução de fontes adicionais de variação. Informações adicionais sobre as características dos participantes podem ser encontradas nos Materiais Suplementares.
Resultados
Quantas Pessoas Fizeram o Compromisso e Assinaram a Petição?
Figura 1: Taxas de Comportamento Animal-Positivo
69% of Brazilian participants agreed to sign the fish welfare petition and slightly fewer, 61%, pledged to reduce their consumption of fish. Among the participants who pledged to reduce their consumption of fish, 10% pledged to never eat fish, 83% pledged to eat it less than once per week, and 4% pledged to eat it only 1-3 times per week.
While 70% of participants signed the chicken welfare petition, the proportion of people pledging to reduce their chicken consumption was considerably smaller at only 52%. Even though participants were less willing to take the chicken diet pledge than to sign the welfare petition, just over half of individuals took the pledge, suggesting that advocates should not be afraid to make this ask.
Of chicken pledge-takers, 4% pledged to never eat chicken, 61% pledged to eat it less than once per week, and 33% pledged to eat it only 1-3 times per week.
69% dos participantes brasileiros concordaram em assinar a petição de bem-estar dos peixes e um pouco menos, 61%, se comprometeram a reduzir seu consumo de pescado. Entre os participantes que se comprometeram a reduzir seu consumo de peixe, 10% se comprometeram a nunca comer peixe, 83% se comprometeram a comê-lo menos de uma vez por semana, e 4% se comprometeram a comê-lo apenas 1-3 vezes por semana.
Enquanto 70% dos participantes assinaram a petição de bem-estar dos frangos, a proporção de pessoas que se comprometeram a reduzir seu consumo de frango foi consideravelmente menor, apenas 52%. Embora os participantes estivessem menos dispostos a assumir o compromisso da dieta do frango do que a assinar a petição de bem-estar, pouco mais da metade dos indivíduos assumiu o compromisso, sugerindo que os defensores não deveriam ter medo de fazer este pedido.
Dos frangos, 4% se comprometeram a nunca mais comer frango, 61% se comprometeram a comê-lo menos de uma vez por semana, e 33% se comprometeram a comê-lo apenas 1-3 vezes por semana.
As Crenças Mais Comuns do Brasil sobre Peixes e Frangos
As figuras a seguir mostram todas as crenças incluídas no estudo e a proporção de pessoas que concordaram ou discordaram com cada uma delas, dependendo do valor que foi maior. Isto pode dar uma noção de quão comuns são cada uma das crenças, o que pode ser útil para para decidir quais crenças já existem e podem ser exploradas, e quais crenças precisam ser encorajadas.
Peixes
Figura 2: Crenças sobre os peixes
Frangos
Figura 3: Crenças sobre os Frangos
Que Categorias de Crenças foram mais fortemente associadas aos Comportamentos Positivos para Animais?
Cada crença individual é apresentada nas figuras da próxima seção, agrupadas por categoria para cada animal. A importância relativa de cada item dentro de um grupo de crenças pode ser vista tanto nas promessas de dieta quanto nas assinaturas de petições. Também discutimos as crenças individuais de melhor desempenho em todas as categorias. Em geral, as correlações médias para as crenças em cada categoria foram pequenas (<.20), com as crenças geralmente mostrando correlações maiores com promessas de dieta do que com assinaturas de petições.
Tabela 1: Correlações Médias com o Comportamento Pró-Animal (Classificação Geral)
Notas. Dada a natureza ordinal da escala de crenças, as correlações de ordem de classificação Spearman foram usadas para todas as correlações de crenças.
Crenças sobre os Peixes
As categorias de crença são apresentadas por ordem de tamanho de sua correlação média com a promessa da dieta.
Crenças sobre as Emoções dos Peixes
As crenças relacionadas às emoções dos peixes mostraram a maior correlação média com a cumprimento da promessa da dieta (r = .13, SD = .04) e a assinatura da petição (r = .09, SD = .04) de todas as categorias de crenças. Em outras palavras, as pessoas que acreditam que os peixes experimentam emoções eram mais propensas de aceitar o compromisso da dieta e assinar a petição. Como as crenças relacionadas às emoções tiveram as mais fortes correlações tanto com o compromisso de peixe quanto com a petição, os defensores que focam nestas perguntas devem considerar a inclusão de um componente emocional em suas mensagens.
Figura 4: Crenças sobre a Emoção dos Peixes e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças sobre o Sofrimento dos Peixes
As crenças relacionadas ao sofrimento dos peixes tiveram a segunda maior correlação média tanto com a promessa de alimentação (r = .11, SD = .07) quanto com as assinaturas de petição (r = .07, SD = .04). As principais crenças mais associadas com a promessa da dieta alimentar foram que muitas pisciculturas têm condições horríveis e que os peixes sentem dor. A crença de que os peixes sentem dor também foi mais forte entre os signatários da petição, juntamente com a crença de que os peixes precisam de espaço para explorar e se exercitar.
A maior correlação média da categoria de sofrimento dos peixes com a promessa de dieta e a petição sugere que os defensores poderiam se beneficiar enfatizando a capacidade dos peixes de sofrer.
Figura 5: Crenças de Sofrimento dos Peixes e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças sobre a Personalidade dos Peixes
As crenças sobre as personalidades dos peixes tiveram a terceira maior correlação média com a promessa de dieta (r = .11, SD = .06) e a terceira menor com a assinatura da petição (r = .05, SD = .03). Os indivíduos que acreditam que os peixes não tem personalidade tiveram menos probabilidade de fazer a promessa de dieta, enquanto aqueles que acreditam que os peixes são curiosos e podem se relacionar com humanos tiveram maior probabilidade de fazer o compromisso. Não havia crenças relacionadas à personalidade associadas a uma maior probabilidade de assinar a petição.
Em outras palavras, os defensores interessados em reduzir o consumo de peixe podem ter sucesso ao enfatizar aspectos da personalidade dos peixes, como sua curiosidade e capacidade de se relacionar com os humanos, enquanto outros caminhos podem ser mais frutíferos para aqueles que buscam assinaturas de petição.
Figura 6: Crenças sobre a Personalidade dos Peixes e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças sobre a Inteligência dos Peixes
As crenças da inteligência dos peixes tiveram a quarta correlação média mais forte com a promessa de dieta (r = .09, SD = .07) e a segunda mais fraca com a assinatura da petição (r = .05, SD = .04). Os indivíduos que acreditam que os peixes são mais inteligentes do que as pessoas foram mais propensas a assumir a promessa de dieta e a assinar a petição. Aqueles que acreditam que os peixes podem aprender também estavam mais propensos a aceitar a promessa de dieta.
Figura 7: Crenças sobre a Inteligência dos Peixes e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças Sociais dos Peixes
As crenças relacionadas à vida social dos peixes tiveram a terceira correlação média mais fraca com a vontade de fazer uma promessa de dieta (r = .07, SD = .06) e a terceira mais forte com assinaturas de petição (r = .06, SD = .02). Aqueles que acreditam que os peixes podem se comunicar uns com os outros eram mais propensos a se comprometerem com a dieta.
Figura 8: Crenças Sociais dos Peixes e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças sobre o Consumo de Peixes
As crenças relacionadas ao consumo de peixes tiveram a segunda correlação mais fraca com a promessa de dieta (r = .06, SD = .03) e a correlação mais fraca com a assinatura da petição (r = .05, SD = .04). Aqueles que acreditam que o peixe é uma boa fonte de proteína tiveram maior probabilidade de assinar a petição de bem-estar.
Os indivíduos que acreditam que os produtos pesqueiros rotulados como “sustentáveis” provêm de peixes com bom bem-estar estavam menos propensos a assumir a promessa de dieta, porém mais propensos a assinar a petição.
Para os defensores, esta descoberta destaca a importância de considerar o público de uma mensagem e o objetivo final de uma campanha. Embora uma mensagem possa ser eficaz ao buscar assinaturas de petição, ela pode ter o efeito oposto na redução do consumo, pois pode sugerir que é aceitável continuar consumindo peixe.
Figura 9: Crenças de Consumo de Peixes e Comportamentos Positivos com Animais
Outras Crenças sobre o Peixes
A correlação média mais fraca para fazer a promessa de dieta (r = .05, SD = .04) foi com “outras” crenças sobre peixes, embora tivessem a quarta maior correlação média com assinaturas de petição (r = .06, SD = .03). Aqueles que acreditam que os peixes são grosseiros eram mais propensos a aceitar a promessa de dieta, porém com menos probabilidade de assinar a petição.
Figura 10: Outras Crenças sobre os Peixes e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças sobre os Frangos
As categorias de crenças são apresentadas por ordem de tamanho de sua correlação média com a promessa de dieta.
Crenças sobre o Sofrimento dos Frangos
As crenças relacionadas ao sofrimento dos frangos tiveram a maior correlação média tanto com a promessa de dieta (r = .15, SD = .07) quanto com a assinatura da petição (r = .12, SD = .04). Em ambos os casos, as associações mais fortes foram encontradas com a crença de que os frangos precisam de espaço para explorar e se exercitar, a maioria dos frangos são criados de forma desumana, e muitas granjas têm condições horríveis.
As maiores correlações entre as crenças de sofrimento e as promessas e assinaturas em comparação com outras categorias sugerem que esta pode ser uma abordagem de mensagens particularmente útil para os defensores tomarem. Por causa disso, e porque as mesmas crenças foram associadas a comportamentos positivos com animais, os defensores podem encontrar o empilhamento de perguntas de sucesso. Em outras palavras, eles podem ser capazes de pedir as promessas de dieta e assinaturas de petições usando as mesmas mensagens.
Figura 11: Crenças de Sofrimento dos Frangos e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças das Emoções dos Frangos
As crenças relacionadas às emoções dos frangos tiveram a segunda maior correlação média, tanto para assumir a promessa de dieta (r = .15, SD = .02) quanto para assinar a petição (r = .09, SD = .00). Por ter assumido a promessa da dieta, a crença de que os frangos podem sentir emoções positivas teve a associação mais forte, e por ter assinado a petição, a crença de que os frangos podem sentir estresse teve a associação mais forte. Entretanto, as três crenças foram correlacionadas com ambas as ações, sugerindo que os defensores podem encontrar sucesso ao enfatizar qualquer tipo de emoção entre os frangos.
Figura 12: Crenças de Emoção dos Frangos e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças de Personalidade dos Frangos
As crenças de personalidade relacionadas aos frangos tiveram a terceira maior correlação média com a promessa de fazer a dieta (r = .11, SD = .06) e a terceira menor com a assinatura da petição (r = .05, SD = .03). A crença que os frangos podem se relacionar com humanos, brincar e serem amorosos, teve as associações mais fortes com a promessa de fazer a dieta. Aqueles que acreditam que os frangos não têm personalidade eram menos propensos a se comprometerem com a dieta. A crença de que os frangos são amorosos também foi associada à assinatura da petição de bem-estar.
Ao enfatizar os laços afetivos, lúdicos e amorosos da personalidade dos frangos, os defensores que buscam uma redução no consumo de frangos podem ser capazes de atrair aqueles que já estão cientes dessas características e ao mesmo tempo fornecer informações adicionais para aqueles que não as conhecem.
Figura 13: Crenças de Personalidade dos Frangos e Comportamentos Positivos com Animais
Outras Crenças sobre os Frangos
As “outras” crenças relacionadas aos frangos tiveram a quarta maior correlação média com a promessa de fazer a dieta (r = .10, SD = .07) e a terceira maior com a assinatura da petição de bem-estar (r = .08, SD = .04). A crença de que os frangos são bonitos teve a mais forte associação tanto com a promessa quanto com a petição, sugerindo que os defensores podem encontrar sucesso com esta mensagem independentemente de estarem procurando assinaturas de petição ou promessas de dieta. As pessoas que acreditam que os frangos são portadores de doenças como a salmonela também tiveram maior probabilidade de aceitar a dieta.
Figura 14: Outras Crenças de Frangos e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças sobre a Inteligência dos Frangos
As crenças sobre a inteligência dos frangos tiveram a terceira correlação média mais fraca com a promessa de fazer a dieta (r = .09, SD = .06) e a segunda mais fraca com a assinatura da petição (r = .04, SD = .02). Aqueles que acreditam que frangos são mais inteligentes do que as pessoas e que acreditam que os frangos podem aprender tiveram associações mais fortes com a promessa de fazer a dieta. Os defensores que buscam reduzir o consumo de frangos podem ter mais sucesso ao enfatizar o valor da inteligência dos frangos ao invés de comparar sua inteligência com a inteligência de outros animais. Nenhuma associação particularmente forte se destacou para assinar a petição.
Figura 15: Crenças sobre Inteligência e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças Sociais dos Frangos
As crenças sobre a natureza social dos frangos tiveram a segunda menor correlação média com a promessa de fazer a dieta (r = .08, SD = .01) e a quarta maior com a assinatura da petição (r = .08, SD = .00). Os indivíduos que acreditam que os frangos podem se comunicar entre si eram mais propensos a assumir o compromisso de dieta.
Figura 16: Crenças Sociais e Comportamentos Positivos com Animais
Crenças sobre o Consumo de Frangos
Tanto para fazer a promessa de dieta (r = .05, SD = .04) quanto para assinar a petição de bem-estar (r = .02, SD = .01), as crenças relacionadas ao consumo de frango tiveram a correlação média mais baixa. Aqueles que acreditam que comer frango não contribui tanto para a mudança climática quanto comer outros animais tiveram menor probabilidade de assumir o compromisso de dieta. Como a relação das crenças de consumo com os comportamentos positivos com animais era mais fraca do que para outras categorias de crenças, os defensores podem encontrar mais sucesso com essas outras categorias. Entretanto, também pode ser benéfico explicar os benefícios ambientais da redução do consumo de carne.
Figura 17: Crenças de Consumo de Frangos e Comportamentos Positivos com Animais
Qual o Papel Desempenhado Pelas Características dos Participantes?
A tabela 2 mostra as taxas de cada comportamento pró-animal para grupos demográficos que mostraram diferenças significativas usando um teste de independência qui-quadrado. As tendências dentro das variáveis ordinais também foram identificadas usando regressões logísticas simples. Essas características incluem idade, renda, educação e frequência de consumo de peixe e frango. Resultados mais detalhados podem ser encontrados nos Materiais Suplementares.
- Gênero: Os homens eram menos propensos que as mulheres ou outros gêneros a se comprometerem com a dieta de frango, mas não havia outras diferenças baseadas no gênero.
- Idade: Em geral, os participantes mais velhos eram menos propensos de aceitar a promessa de dieta de peixe do que os participantes mais jovens.
- Renda: Os indivíduos com maiores rendas tendem a assinar as petições de peixe e frango com mais frequência do que aqueles com rendas mais baixas.
- Educação: Os indivíduos com níveis mais altos de educação assinaram a petição do frango com mais frequência do que aqueles com níveis mais baixos de educação.
- Região: As únicas diferenças regionais ocorreram no Sudeste, onde os entrevistados tiveram estavam mais propensos a aceitar a promessa de dieta de peixe do que outras regiões, e no Centro-Oeste, onde os entrevistados tiveram menos probabilidade de aceitar a promessa de dieta de peixe do que outras regiões.
- Pessoas que possuem animais de estimação: As pessoas que possuem animais de estimação eram mais propensas a assinar o pedido de bem-estar dos peixes do que os não possuem, mas, por outro lado, eram tão propensos a tomar uma determinada ação positiva em relação aos animais quanto os não possuem animais de estimação.
- Consumo recente de peixe: Os participantes que comeram quantidades maiores de peixe tinham mais probabilidade de se comprometerem com a dieta de frango.
- Não existem relações claras entre o consumo recente de frangos e os comportamentos pró-animais.
Como nota, as pessoas que já se abstiveram totalmente de comer peixe ou frango não receberam a promessa de dieta para aquele animal.
Além das características mostradas acima, procuramos diferenças baseadas na raça (branco, Pardo, Negro, ou outro) e se os participantes pescaram ou manusearam frangos recentemente. Não houve diferenças significativas entre os grupos, o que significa que as porcentagens gerais devem ser utilizadas para todos os grupos para evitar uma interpretação exagerada das diferenças não significativas. Como um lembrete, essas porcentagens foram as seguintes: 61% dos participantes se comprometeram a reduzir seu consumo de peixe, e 52% concordaram em reduzir seu consumo de frango. 69% dos participantes concordaram em assinar a petição de bem-estar do peixe e 70% concordaram em assinar a petição de bem-estar do frango.
Tabela 2: Porcentagem de Quem Fez a Promessa de Dieta ou Assinou a Petição com Base na Filiação a um Grupo
Notas. Um asterisco (*) indica que houve uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Para detalhes sobre como estas análises foram conduzidas, consulte os Materiais Suplementares.
Conclusões
Este estudo acrescentou substancialmente ao nosso corpo de conhecimentos a respeito das crenças públicas sobre frangos e peixes no Brasil e como eles se relacionam com as ações positivas com os animais.
No total, 69% dos participantes concordaram em assinar a petição de bem-estar dos peixes, e 70% concordaram com a petição de bem-estar dos frangos. 61% dos participantes se comprometeram a reduzir seu consumo de peixe, enquanto 52% se comprometeram a reduzir seu consumo de frango.
Entre aqueles que se comprometeram a reduzir seu consumo de peixe,10% se comprometeram a reduzi-lo totalmente, 83% se comprometeram a comê-lo menos de uma vez por semana e 4% se comprometeram a comê-lo 1-3 vezes por semana. Estes participantes estavam dispostos a reduzir seu consumo em um grau maior do que os participantes que se comprometeram a reduzir seu consumo de frango. Dos participantes que assumiram a promessa do frango, 4% se comprometeram a nunca comer frango, 61% se comprometeram a comê-lo menos de uma vez por semana, e 33% se comprometeram a comê-lo entre 1-3 vezes por semana. Estas taxas de redução sugerem que os defensores dos animais podem ter mais sucesso pedindo reduções no consumo de frango e peixe do que a proibição total.
Quais Crenças Foram Mais Comuns?
A prevalência relativa de várias crenças está resumida nas Figuras 1 e 2. Estes resultados podem servir como guias úteis para os defensores dos animais ao projetar campanhas de defesa. Por exemplo, os defensores dos animais podem querer criar mensagens de campanha que apelem para crenças que são amplamente difundidas e associadas a ações positivas para os animais, a fim de maximizar a mudança de comportamento. Como exemplo, os defensores podem enfatizar que os peixes precisam de espaço para explorar e se exercitar ou que os frangos podem sentir dor. Da mesma forma, mostrar aos indivíduos evidências de que os peixes são amorosos pode ser uma abordagem eficaz para encorajar reduções no consumo de peixe.
Crenças que eram menos comuns, mas que ainda tinham associações notáveis com comportamentos pró-animais, poderiam ser fortes candidatas a campanhas destinadas a aumentar a conscientização. Os defensores que seguirem esta abordagem poderão considerar a exibição de imagens de frangos brincando ou fornecer provas da capacidade de aprendizagem dos frangos e dos peixes. Estas mensagens poderiam aumentar a proporção de pessoas que têm crenças associadas ao compromisso de dieta alimentar. Da mesma forma, os defensores poderiam exibir pesquisas demonstrando que os peixes sentem emoções positivas como prazer, ao buscar assinaturas em petições de bem-estar dos peixes no Brasil.
Em geral, compreender a prevalência de várias crenças pode ajudar os defensores a direcionar os esforços com base na posição atual da maioria das pessoas.
Crenças Mais Fortemente Associadas ao Comportamento Pró-Animal
Grupos de Crenças
Nossos cálculos da correlação média dos itens em cada grupo de crenças, assim como os tamanhos dos efeitos exibidos nas Figuras 3-16, podem ajudar os defensores a entender quais grupos de crenças foram mais fortemente associados ao comportamento pró-animal. Tanto para frangos quanto para peixes, as crenças sobre emoções e sofrimento foram os dois grupos mais fortemente correlacionados com cada comportamento pró-animal. As crenças de personalidade também estavam entre os grupos com associações mais fortes com promessas de dieta de peixes e frangos. Por outro lado, as correlações médias para crenças de consumo estavam consistentemente entre as mais fracas para cada comportamento positivo com os animais.
Nossos resultados indicam que os defensores que enfatizam as emoções e o sofrimento de frangos e peixes podem ser mais bem-sucedidos em seus esforços para obter assinaturas de petições ou promessas de redução do consumo do que os defensores que não se concentram nessas características. Além disso, mensagens que destacam personalidades de frangos e peixes também podem levar a um maior número de promessas de dieta. Embora algumas crenças dentro destes grupos estivessem entre as mais comuns, muitas eram menos comuns. Por esta razão, os defensores são encorajados a olhar para a prevalência de crenças individuais para determinar se apelar para estas crenças ou focar na conscientização é uma abordagem mais adequada.
As crenças relacionadas ao consumo de peixes ou frangos estavam uniformemente entre as menos fortemente associadas ao compromisso de dieta alimentar. Em outras palavras, os defensores devem evitar focar estas crenças. Uma notável exceção é a crença de que os pescados rotulados como “sustentáveis” vêm de peixes com bom bem-estar, o que foi positivamente associado à assinatura da petição de bem-estar dos peixes. Pesquisas futuras devem explorar mais esta associação para ver quais percepções acionáveis os defensores podem obter.
É importante observar que a classificação dos grupos de crenças de acordo com as correlações médias tem suas limitações. As crenças individuais dentro de um grupo de crenças nem sempre estão associadas ao comportamento da mesma forma ou na mesma extensão. Para quaisquer crenças que os defensores estejam considerando usar, sugerimos prestar mais atenção à força e direção da correlação para cada crença individual do que à correlação média para o grupo como um todo.
Crenças Individuais
Dentro dos grupos de crenças de emoções e sofrimento, as crenças de que os peixes e os frangos podem sentir dor e estresse, e necessitam de espaço para explorar e se exercitar, estavam todas associadas tanto às ações positivas para os animais. Como estas crenças também prevaleceram entre os participantes, os defensores poderiam destacá-las, por exemplo, mostrando o pouquíssimo espaço em que os frangos e os peixes são criados. As crenças sobre as experiências emocionais positivas e negativas dos frangos e dos peixes eram menos comuns, mas também relacionadas aos comportamentos positivos com os animais. Os defensores podem se concentrar em aumentar a conscientização do público sobre essas capacidades como uma forma possível de aumentar a disposição para aceitar promessas de dieta e assinar petições de bem-estar.
Uma série de crenças sobre o sofrimento dos frangos, particularmente as crenças de que os frangos não se importam de viver em ambientes estéreis, que não se importam de viver em ambientes superlotados, e que a qualidade do ar e da água não são importantes para eles foram associadas a uma menor disposição para tomar ações pró-animal. Embora estas opiniões não estivessem entre as mais comuns, elas ainda são prevalecentes o suficiente para merecer atenção. A pesquisa sugere que estas opiniões podem estar amplamente mal informadas (Nordquist et al., 2017, Gomes et al, 2014; Campbell et al, 2019; Bersch, 2019). Os esforços para mudar estes pontos de vista podem ajudar a reduzir as barreiras para a adoção de ações positivas com os animais, embora pouco se saiba sobre a eficácia das campanhas informativas para mudar estes pontos de vista entre as populações que os têm.
Os defensores também devem observar que, embora acreditando que os peixes experimentem emoções positivas tenha uma correlação significativa com a assinatura da petição de bem-estar, esta mesma crença não teve uma associação notável com a promessa de fazer a dieta. Em vez disso, acreditar que os peixes experimentam emoções negativas foi significativamente associado com a promessa de fazer a dieta, mas não com a assinatura da petição de bem-estar. Em outras palavras, os defensores deveriam distinguir suas mensagens para enfatizar as emoções positivas ou negativas dos peixes, dependendo se eles estão buscando assinaturas ou reduções no consumo de peixe. Alternativamente, os defensores poderiam optar por enfatizar outras crenças, como a capacidade dos peixes de sentir dor, que estão significativamente correlacionadas tanto com a assinatura da petição de bem-estar quanto com a assinatura da promessa de dieta alimentar.
A beleza dos frangos e a inteligência subestimada dos peixes também se destacaram entre as crenças individuais por suas notáveis correlações com o comportamento positivo com os animais. As crenças de que os frangos são bonitos e que os peixes são mais inteligentes do que as pessoas acham, foram ambas associadas ao compromisso com a dieta e à assinatura da petição de bem-estar.
Algumas pesquisas mostraram que as reações emocionais – como a sensação que alguém pode ter ao ver um animal particularmente belo ou inteligente – podem ter um efeito sobre os julgamentos e na tomada de decisões (Angie, et al., 2011). Contrastar a beleza e a inteligência de um animal com a realidade das fazendas industriais pode ser uma estratégia eficaz para incentivar o comportamento pró-animal. Por exemplo, os defensores poderiam comparar imagens de um frango ou peixe coloridos resolvendo problemas complexos com as duras realidades das granjas de frangos e peixes. Como a crença de que as grandes granjas de frangos são grosseiras também foi associada ao comportamento pró-animal, o uso desta estratégia pode ser particularmente eficaz para frangos.
Características do Participante
Este estudo também nos permitiu examinar as diferenças na disposição de assinar petições de bem-estar e comprometer-se com as promessas de dieta em relação com as características dos participantes, conforme resumido na Tabela 2. Estas percepções podem ajudar os defensores a entender quais grupos sociais devem visar para aumentar o número de indivíduos que tomam ações positivas em relação aos animais.
Descobrimos que os homens eram menos propensos que as mulheres ou outros gêneros a se comprometerem a reduzir seu consumo de frango. Além disso, os participantes mais velhos eram menos propensos a se comprometerem com o peixe. Entretanto, estas foram as únicas diferenças claras no comportamento positivo com os animais entre o sexo e a idade.
Não houve diferenças significativas na disposição de aceitar as promessas de dieta ou assinar as petições entre raças. Isto destaca a necessidade de que os esforços dos defensores sejam inclusivos com a diversificada população do Brasil.
Em comparação com aqueles com renda mais baixa, os participantes com renda mais alta eram mais propensos a assinar ambas as petições de bem-estar. Os níveis mais altos de educação também estavam associados à vontade de assinar a petição de frango em comparação com os níveis mais baixos de educação. Apesar destas diferenças, mais da metade dos participantes com menores rendimentos ou níveis de educação ainda fizeram as promessas de dieta e assinaram petições na maioria dos casos. Em outras palavras, os defensores não deveriam concentrar seus esforços exclusivamente nos ricos ou nos mais instruídos. Os defensores também devem ter em mente que, embora muitas pessoas possam estar abertas à ideia de adotar comportamentos positivos para os animais, barreiras como o acesso limitado a opções baseadas em plantas acessíveis podem tornar mais difícil para algumas pessoas transformar sua disposição em ação.
Em termos de variação geográfica, os participantes que vivem na região Sudeste tiveram maior probabilidade de aceitar o compromisso de dieta de peixes, enquanto os indivíduos que vivem na região Centro-Oeste tinham menor probabilidade de aceitar o compromisso de dieta de peixes. Pesquisas adicionais deveriam explorar essas diferenças regionais.
Finalmente, enquanto os indivíduos que viviam com animais de estimação eram mais propensos a assinar a petição de bem-estar dos peixes, estes indivíduos não diferiram significativamente dos que não possuem animais de estimação em nenhum outro comportamento positivo com os animais. Os defensores que procuram melhorar as condições dos peixes podem desejar comparar o sofrimento dos peixes e dos animais de estimação.
Direções Futuras
Embora esta pesquisa forneça algumas diretrizes úteis para a defesa do bem-estar dos frangos e dos peixes, mais pesquisas são necessárias para entender se estas crenças são uma causa de comportamentos positivos com os animais, ou se estão meramente associadas a eles. Em uma continuação desta linha de pesquisa, também testaremos intervenções que tentarão usar algumas das crenças que parecem mais importantes com base nesta pesquisa para entender se a mudança dessas crenças pode aumentar os comportamentos positivos com os animais. Isto tomará a forma de um experimento (ensaio controlado aleatório), onde diferentes grupos de pessoas são mostrados a uma intervenção que visa crenças específicas para ver se alguma delas influencia os comportamentos pró-animais.
Materiais Suplementares
Método: Detalhes adicionais
Participantes e Poder
Os participantes foram recrutados por meio de uma empresa de painel chamada CINT. De acordo com o Plano de Garantia de Qualidade de Dados da Faunalytics, realizamos verificações de dados para filtrar respostas que podem ser fraudulentas ou participantes que falharam nas verificações de atenção.
As respostas que mostraram má qualidade de dados ou o fracasso da verificação da atenção foram excluídas. Após remover os participantes do processo de limpeza de dados, tivemos um total de 549 participantes na condição de peixe e 577 na condição de frango. As análises de potência indicaram que um tamanho de amostra de 497 por animal permitiria a detecção de um tamanho de efeito pequeno a médio (rho = .16) com um poder de .95 em uma correlação ponto-bisserial (t crítico = 1,96), portanto, estávamos bem preparados para nossos objetivos. Para detalhes adicionais sobre as medidas, análise de poder, plano de análise e muito mais, consulte os documentos de pré-registro no Open Science Framework.
Tabela 3: Características dos Participantes
Análises Correlacionais
As correlações de ordem de classificação Spearman foram usadas para análises porque as variáveis de resultado foram dicotômicas e as crenças foram classificadas em uma escala de Likert. Elas podem ser interpretadas da mesma forma que as correlações padrão de Pearson. As pontuações variam de -1 a 1, com pontuações mais distantes de zero indicando uma relação mais forte entre as variáveis em questão. É também uma indicação do tamanho do efeito.
Medida da Petição
Para que haja consistência com o primeiro relatório nesta linha de pesquisa, a variável de resultado da petição é medida usando a concordância em assinar a petição de bem-estar ao invés de os participantes clicaram no link para a petição.
Análise das Características dos Participantes
Para nossa análise das características dos participantes, todas elas categóricas, usamos testes de independência de qui-quadrado para testar as diferenças entre os níveis de cada categoria de características. Para variáveis ordinais, utilizamos regressões logísticas simples para determinar tendências.
Ao realizar testes de qui-quadrado em tabelas com células contendo valores esperados abaixo de 5, as simulações de Monte Carlo foram necessariamente usadas para calcular os valores p.
Tabela 4: Resultados Resumidos de Qui-Quadrado
Tabela 5: Resultados Resumidos da Regressão Logística
Correlação Média por Grupo de Crenças
A correlação média para cada grupo de crenças é mostrada na Tabela 6 para peixes e na Tabela 7 para frangos. Estas também foram fornecidas em texto no corpo do relatório.
Para obter esses números, calculamos a média do valor absoluto de cada uma das correlações dos itens de um grupo para cada uma das variáveis de resultado. Como o número de respostas usadas para cada correlação foi aproximadamente o mesmo, esta abordagem de “média de médias” não pondera nenhuma correlação indevidamente.
Tabela 6: Correlação Média de Crenças de Peixes por Categoria
Tabela 7: Correlação Média de Crenças de Frangos por Categoria
Conforme observado na seção Resultados, as crenças sobre as emoções, sofrimento e personalidades dos peixes foram as categorias mais fortemente associadas a promessas de dieta. As crenças em torno das emoções e do sofrimento dos peixes também foram mais fortemente associadas às assinaturas das petições.
Para os frangos, os grupos de crenças de sofrimento e emoção foram mais fortemente associados a promessas, e as crenças em torno do sofrimento foram mais fortemente associadas a assinaturas de petições.
Crenças Individuais
As tabelas 8 e 9 abaixo contêm os resultados de correlação para todas as crenças individuais. Por padrão, as crenças com a associação média mais forte com as duas variáveis de resultados estão no topo da tabela. A coluna “Média” contém uma média centrada em zero da escala Likert de 7 pontos usada para cada crença.
Tabela 8: Crenças Individuais sobre Peixes
Tabela 9: Crenças Individuais sobre Frangos
Citations:
Wulderk, Z., Quaade, S., Anderson, J., Dillard, C., Sánchez-Suárez, W., & Beggs, T. (2022). Crenças sobre Peixes e Frangos e sua Relação com os Comportamentos Positivos dos Animais no Brasil. Faunalytics. https://faunalytics.org/chicken-and-fish-2-brazil-brazilian-portuguese/
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